Ainda a propósito do fim das Instituições (O Novo Império do Islão – texto de 2012)

Este texto foi escrito em 2012, numa página do facebook (esquecida) com o mesmo nome desta página. Julgo que pode ser mais atual agora ainda do que na altura em que a escrevi.

O novo Império do Islão

Imaginem todos os países islâmicos unidos, da Indonésia a Marrocos, com Paquistão e Arábia Saudita, ou o Irão, pelo meio.

Já existiu assim um Império, o primeiro Império do Islão. Dominou o Mundo Ocidental com duas armas, a Super Moral, engrandecida pelo entusiasmo religioso, e as inovações tecnológicas.

Não só tecnológicas como sociais, lembre-se que legislação de Maomé (estou a resumir-me à época da ascensão do Islão) em Portugal só existiu na primeira República e depois do 25 de abril, como o direito às mulheres em votar, fazer comércio, e até pedir divórcio. As aberrações que fazem com as mulheres agora, apareceram séculos depois da morte de Maomé.

Mas não era só na sociedade ou política, em cada sítio novo em que estavam, cada sociedade nova que conheciam, absorviam tudo o que de melhor havia. Armamento, conhecimento, técnicas e línguas. Até toleravam as outras religiões, ao contrário do resto.

(No Ocidente, claro, porque a História do Oriente deveria ser ensinada como diferente, porque o é, e como.)

Enfim, nessa altura o Islão representava a modernidade, avanços e procura constante de novos horizontes.

Hoje em dia quando falamos e pensamos em Islão, na maior parte dos nossos casos, vem-nos à cabeça exatamente o oposto. Repressão, atraso, fundamentalismo, intolerância.

Mas o facto é que este Islão pequeno, cruel, ignorante e que promove a ignorância, este Islão oposto ao Islão de há 12 ou 13 séculos, está a crescer. E o irritante é ver o ocidente a ajudar isto tudo a acontecer. E tenho de fazer desde já a ressalva de que a maior parte dos muçulmanos do Mundo são pessoas com um sentido social, de modernidade, igual a todas as outras, e que a sua religião, o Islão, por definição, promove todos os valores contrários aos dos que os fundamentalistas defendem. Os “talibãs” são poucos, mas o perigo é andarmos a fazer com que sejam cada vez mais. O Corão, como a Bíblia, ou a Tora (este até é o mais violento nos seus textos), são livros que promovem o “bem viver em sociedade”. Algumas pessoas é que teimam, em todas as religiões, em deturpar tudo, e no caso dos muçulmanos de hoje em dia, por muitas razões, e em muitos casos, as proporções que se está a assumir são alarmantes. Em tudo o fundamentalismo é mau, mas quando se chega ao ponto de se enviarem crianças para a morte em nome de Deus, acaba a conversa decente.

Voltando às voltas e retrocessos da História – Os romanos eram aliados dos visigodos, muito menos evoluídos, dependentes de Roma, contra vontade ou não. E no entanto os Godos invadiram Roma, fizeram o impensável. Depois disto, ficou a Europa mergulhada em atrasos constantes, que por certo nem passavam na cabeça de quem vivia numa cidade romana.

Antes da ocupação pelos Godos, calculam alguns que viveriam dois Milhões de pessoas em Roma. Dois Milhões! Tipo a cidade de Lisboa de agora. Depois das invasões Godas, em Roma não viviam mais de vinte mil pessoas. E numa cidade feita de restos de tábuas e de pedras. Uma cidade medieval. Suja, doente, pobre e faminta. Como o resto da Europa Romana do Ocidente. O Império do Oriente teve uma História também paralela e bem distinta, Bizâncio.

Bem, isto para dizer como uma sociedade evoluída (e esta comparação é e será recorrente) como a da Roma Clássica caiu perante sociedades muito menos evoluídas. E depois disto a sociedade foi gerida, obviamente, por governantes menos evoluídos. Foi a Idade das Trevas.

Pois hoje em dia, estes grupos de fundamentalistas islâmicos, que parecem ser menos evoluídos, que parecem não oferecer uma ameaça relevante ao Mundo tal como o conhecemos, é precisamente o grupo de pessoas que pode ser uma real ameaça ao Mundo como os conhecemos. Serão estes alguns dos novos “bárbaros”?

O que é certo é que somos tantas vezes aliados deles, como se tem visto nas últimas décadas. Quando dá jeito.

Foi o Ocidente quem ensinou aqueles que tem agora vindo a combater. Saddam, Bin Laden, Kadafi ou Mubarak, entre tantos outros, não foram já aliados preferenciais do Ocidente? Tirando o Irão e a Coreia do Norte, isto é quase regra. No Afeganistão dos anos 70 e 80 do século passado, deu jeito ensinar e armar os grupos Mujahedin que combatiam os soviéticos. Depois.. deu no Afeganistão que deu.

Mas o pior nem é isto, o mal está em tirar estes (maus) homens de lá com as ganas todas mas… E depois? Democracia on!(?)

Imaginem estes países gigantes governados por tolinhos como o Ahmadinejad do Irão. O rapaz diz que não morreram judeus na Segunda Guerra. E mesmo que saiba as barbaridades que diz, quem o ouve acredita nisso cada vez mais. E estão a ser formados milhares, centenas de milhares de fanáticos assim, nas Madraças, as escolas islâmicas. É esta formação fundamentalista, fanática, atrasada que se deixa que se espalhe por toda uma nova geração de pessoas.

Mas é este tipo de governantes que vão dominar estes países, pelo andar da carruagem.

Imaginem agora estes países todos juntos, virados contra o Ocidente. Imaginem que Irão e Arábia Saudita um dia fazem as pazes. Que se lhes junta o Paquistão e a Indonésia. Imaginem todos os países muçulmanos unidos, sem o jugo dos ocidentais, sem o “dividir para reinar”. Quer em poder militar, quer em número de pessoas ou em poder económico, estaríamos a falar numa enormidade. E se se regerem por valores fundamentalistas?

Os visigodos nunca foram uma ameaça para a tão desenvolvida sociedade romana, até destruir Roma. Os Vândalos eram uns proscritos até ocuparem o norte de África, expulsando os romanos e privando o Império do seu principal celeiro.

Claro que a destruição de Roma aconteceu por muitas mais coisas. Mas hoje em dia também se vêm os países do Ocidente a implodirem sozinhos, a destruirem-se por dentro.

Imaginem um Mundo, ou uma parte importante dele, dominado por regras dos “novos bárbaros”, como já aconteceu antes.

Imaginem como seria um Império do Islão onde não se poderia ir à escola, onde aprender seria crime, e onde o único espetáculo seriam execuções públicas. Imaginem o Afeganistão dos Talibãs. Imaginem um Mundo assim.

Pode não ser tão absurdo como parece, a menos que se combata o fundamentalismo. Em vez de o apoiar em nome de uma democracia falsa.

Se acharmos sempre que os menos evoluídos não representam uma ameaça séria, muito séria, arriscamos-nos a ser um dia dominados por eles, e mesmo a ver, nós ou os nossos descendentes, uma Nova Idade Média com certeza.”