Temos de ter vergonha de falar em valores?

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Agora discute-se (para ser brando no verbo) se a Direita é melhor do que a Esquerda e vice-versa, e acho que a maior parte das pessoas nem sabe bem o que significa uma coisa e a outra.

Nem vou falar do tom em que as conversas agora são mantidas, já escrevi lá atrás alguma coisa acerca disso – “a cultura do insulto”.

Nem vale a pena bater mais nesse ceguinho desta nova”cultura do insulto”, não porque já se tenha resolvido a questão, mais longe disso é quase impossível, mas porque aqui já foi abordado o assunto, por um lado, e, por outro, é tempo desperdiçado – a rapaziada anda mesmo ao rubro, quanto mais alto se berra e mais forte se insulta, melhor o efeito alcançado.

Mas vale a pena falar então, não do tom das conversas desse tipo, mas do conteúdo.

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A cerveja, o biberão da Civilização.

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A Humanidade e a Cerveja

Quando pensamos no início da Humanidade, pensamos nos momentos que levaram à sedentarização das pessoas. Foi graças a ficarem quietinhos sempre no mesmo sítio que as pessoas puderam começar a fazer casas maiores até algumas serem palácios, começaram a ter tempo para fazer mais utensílios com os quais puderam melhorar as suas vidas familiares e sociais.

Existem momentos que definiram a Humanidade, tal como é hoje. Falamos sempre na descoberta (do controlo) do fogo e na invenção da roda, e já por aqui escrevi do rapaz (ou rapariga) que terá inventado a agulha de coser – este com a importância de nos ter permitido sair dos climas quentes. Mais até do que a roda, a agulha é basilar para a humanidade, lembremos de civilizações como as ameríndias que evoluíram sem roda – não o teriam feito sem agulhas de coser.

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Ainda a propósito do fim das Instituições (O Novo Império do Islão – texto de 2012)

Este texto foi escrito em 2012, numa página do facebook (esquecida) com o mesmo nome desta página. Julgo que pode ser mais atual agora ainda do que na altura em que a escrevi.

O novo Império do Islão

Imaginem todos os países islâmicos unidos, da Indonésia a Marrocos, com Paquistão e Arábia Saudita, ou o Irão, pelo meio.

Já existiu assim um Império, o primeiro Império do Islão. Dominou o Mundo Ocidental com duas armas, a Super Moral, engrandecida pelo entusiasmo religioso, e as inovações tecnológicas.

Não só tecnológicas como sociais, lembre-se que legislação de Maomé (estou a resumir-me à época da ascensão do Islão) em Portugal só existiu na primeira República e depois do 25 de abril, como o direito às mulheres em votar, fazer comércio, e até pedir divórcio. As aberrações que fazem com as mulheres agora, apareceram séculos depois da morte de Maomé.

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O fim da ONU e a ascensão das novas alianças


O Escritório das Nações Unidas em Genebra
Foto de Mathias Reding na Unsplash

O fim da ONU e a ascensão das novas alianças

Não é só o fim da ONU, a Nato, até a União Europeia, puseram-se numa posição em que se arriscam a desaparecer. E entretanto outras novas alianças supra nacionais vão ascendendo.
Mas olhando apenas para a ONU, a organização supra nacional que pretendia regular todos os países do Mundo, que pretendia que não houvessem mais guerras como a Segunda Guerra Mundial. Ingénuos, aqueles que pensaram que algum dia acabariam as guerras.
Tal como há 100 anos, mais um punhado de anitos, quando se criou a Sociedade das Nações, ou mesmo quando os líderes mundiais desculpavam a carnificina a que sujeitavam os rapazes na Primeira Guerra Mundial, ou “A Grande Guerra”, com a expressão, “a guerra para acabar com todas as guerras, ou houve ingenuidade ou fizeram de conta que sim.

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A arte de bem viver na reforma

Parece mesmo ser uma arte. Para quem a vive e para quem lida com ela.

Existe aquela parte da vida que se chama de reforma. Como se fosse uma compensação por mais de 40 anos, na maior parte dos casos, de trabalho, de pagamentos, esforços feitos. E o espírito na base da aposentação, ou o que normalmente chamamos de reforma até é mais ou menos esse. Seja mais cedo para uns, ou mais tarde para outros, o que parece ser certo é que esta fase da vida dá o direito às pessoas de viverem em sossego, sem terem de se preocupar, uns menos que outros, com o seu rendimento. Estará garantido por essa tal quantidade de mais ou menos 4 décadas de descontos feitos, e pelo resto da sociedade que pretende ter também essa garantia, chegada a sua altura.

Mas também é certo que chegada a altura desse esperado prémio, muitas das pessoas acabam por ficar menos satisfeitas, algumas até mesmo deprimidas – o chamado “choque da entrada na reforma”. Porque será, visto que devia ser quase um prémio, pelo contributo dado duranta a “vida Ativa”, de tantas maneiras? Contribuiu-se não apenas com dinheiro, mas também com acompanhamento social e familiar, com resultados do trabalho. E no entanto, de um dia para o outro, parece que, em vez de se estar a apreciar um prémio, um merecimento, está-se, em alguns casos, a sentir-se quase o oposto, um “castigo”.

Podemos tentar ver isto de diversas partes. Primeiro, a sensação das férias perpétuas. E podemos fazer um exercício mental. Imaginemos se ou quando temos um mês de férias. Começam-se as férias com muita vontade, a apreciar todos os bocadinhos de passeio, de recreio, até de descanso. Mas ao fim de três semanas já se começa a estar aborrecido. Descansar demais também chateia, passear demais também cansa, e andar sempre a fazer “passatempos” acaba por começar a aborrecer. Quando chega a parte de terminarem as férias algumas pessoas até dizem que ainda bem que as férias estão a terminar. E isto começa cedo, eu lembro-me de estar a estudar cheio de vontade que começassem as férias e depois estar, no fim das férias, cheio de vontade que as aulas começassem. O mesmo passa para o trabalho, depois da fase de se ser estudante.

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As nossas memórias. A nossa identidade. Os seus guardiões e depositários.

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Quantas histórias este senhor terá para contar acerca de décadas de batalhas com o mar?

Não podemos dissociar as memórias individuais das memórias coletivas. As segundas dependem do conjunto das primeiras, da comunidade de memórias.

Diz-se que devemos valorizar as memórias, conhecer o nosso passado, para que não cometamos os mesmo erros de novo. Mas julgo ser muito mais do que isto, e isto já é tudo menos pouco.

As memórias são a nossa identidade, quer como indivíduos quer como comunidades, como regiões, como povos e nações.

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A sexta feira 13, os prédios sem 13º andar, a última ceia, os Vikings e os Templários.

foto: a “Preta”.
Gatos pretos, símbolo de boa fortuna em muitas culturas, são também e em sentido exatamente oposto, na cultura ocidental, símbolo de azar. São mesmo o principal símbolo das “sextas feiras 13”. Um gato preto atravessar na frente dará azar. E se for numa sexta feira 13, dará azar, atrairá mau olhado, chamará as bruxas, dará coceira no pé e fará nascerem pêlos na língua.

A Sexta Feira 13 é temida por muitas pessoas, esta fobia até tem nome técnico, daqueles que quase não se conseguem dizer. Quem tem medo da sexta feira treze sofre de parascavedecatriafobia ou frigatriscaidecafobia. Sério? Tive de confirmar várias vezes que escrevia isto bem! E não tenho a certeza que alguém consiga dizer isto uma semana depois de ter lido. Mesmo que leia muitas vezes.

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Quando a Torre Eiffel foi vendida como sucata

Existem pessoas dadas às falcatruas desde sempre. E, na maior parte dos casos, são burlões que não deixam nenhum tipo de sentimento positivo. Mas, de vez em quando, existe alguém que consegue ter uma imaginação tal, e mais, uma cara de lata tamanha que, pelo menos, não conseguem deixar de despertar alguma curiosidade.

Foi o caso de Victor Lusting. Nascido em 1890, no então Império Austro-Húngaro, numa família abastada e respeitada. Falava fluentemente diversas línguas e tinha um intelecto que fazia com que esperassem que viesse a ser um advogado prestigiado. Realmente ele passou a vida a ter relações com a Lei. Não foi como advogado, de facto, mas sabia dar bem a volta ao texto e andou sempre com a Lei às costas.

Optou desde cedo por se dedicar aos logros, primeiro em Paris, mas a coisa era de pequena monta, com artimanhas do submundo parisiense. Foi então para os Estados Unidos e aí conseguiu dar cor ao seu talento, e conseguiu ganhar algum dinheiro. Armou, entre outras coisas, um esquema onde dizia a algumas pessoas que conseguia saber os resultados das corridas de cavalos antes dos locais de apostas porque tinha posto uma “escuta” na ligação entre os hipódromos e as casas de apostas. Conseguiu assim enganar o suficiente para ganhar umas boas dezenas de milhares de dólares, o que hoje seria bem mais, claro, e com isso voltar à Europa. A Paris, mais precisamente. Ambicioso, procurava um esquema onde pudesse ganhar dinheiro a sério.

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E como entra a Torre Eiffel nisto tudo? Desde a sua construção, na Exposição Mundial de Paris, em 1889. Passava a ser a construção mais alta do mundo, após milhares de anos de reinado da Pirâmide de Queops, em Gizé, como a mais alta construção do Mundo. Mas mesmo assim, o objetivo inicial era aquilo ser uma construção provisória, apenas para a Exposição Mundial. Impensável, hoje em dia, já que quando pensamos em Paris, é impossível não nos vir à imagem aquela torre de ferro. Na verdade quando foi construída uma grande parte dos parisienses abominada a construção. Achavam aquilo feio, que destruía a paisagem parisiense. Mudanças dos tempos. O seu construtor, o engenheiro Gustave Eiffel, por cá também conhecido por deixar obra, no seu estilo de construções de ferro, apelou a que passasse a definitiva. Promoveu experiências de meteorologia, de aerodinâmica, visitas turísticas após a exposição, e aplicação de antenas de rádio, que acabaram por ser uteis durante a Primeira Guerra Mundial. Ficou assim por lá a torre que hoje é para todos indissociável da “cidade luz”.

Terminada a Guerra, a Torre Eiffel já apresentava alguns problemas de manutenção e o dinheiro para a sua recuperação era escasso. Um jornalista, em meados dos anos 20, um jornalista escreveu acerca disso e acabou com a pergunta, “será que era melhor vender a Torre?”

Foi a ler essa reportagem que a mente de Victor Lusting teve um daqueles momentos em que aparece uma lâmpada a acender. E começou o filme.

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Empresas e Estados, a Nova Ordem Feudal

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No texto anterior deste tema, “A Nova Idade Média”, referi que atualmente, as grandes empresas valem mais do que a maior parte dos países, têm mais dinheiro, têm mais Poder e influência sobre as pessoas do que os Estados e mais ainda, têm Poder sobre os Estados como há uns séculos não se via com tanta força, com tanta preponderância. E os países, os Estados, vá-se lá saber porquê, ou se calhar até é fácil perceber, ficam cada vez mais coniventes por um lado, e cada vez mais reféns desse Poder das empresas, por outro.

Tal como na Idade Média, em que os Senhores com as maiores propriedades, com os maiores exércitos, portanto, os mais ricos e os mais poderosos, acabavam por ter uma tal influência que tornava os Estados, os Reis e Monarquias, reféns, dependentes, desses grandes Senhores, desses Nobres, Duques, Marqueses e Condes, principalmente, também hoje se nota uma subserviência maior do que seria desejável dos Estados perante os grandes Grupos económicos, as grandes empresas.

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O novo servo da gleba

Foto by ubsplash

Um homem sem nome, que, mesmo tendo um nome de nascimento, assim se sente, incógnito, no meio de uma multidão da cidade onde vive, junto com Milhões  de outros habitantes. Tem toda a sua vida num apartamento de 3 divisões, num quarto andar de uma rua secundária e bastante escura. Trabalha num escritório como administrativo a tratar dos assuntos dos condomínios dos seus concidadãos mais abastados, os que não vivem em ruas escuras.

Vive tranquilo, este homem sem nome, sai todos os dias cedo de casa para o trabalho, durante 11 meses por ano, seis dias por semana, 10 horas por dia, em dias de pouco trânsito. Algumas semanas consegue ter, além do domingo, mais um dia de descanso. Passa esse tempo a arrumar e consertar o seu apartamento alugado, já velhote. Tudo isto referido atrás é considerado ter-se sorte, ou mais sorte do que a maioria das pessoas do Mundo.

Assim vive este homem sem nome, dia a dia a ver os anos passarem, e conseguiu comprar um carro usado, fez uma vez umas férias de três semanas, e chegará assim aos 50 anos, esperando nessa altura poder ter ainda trabalho – dado ser apenas um simples trabalhador mal pago, como a maioria das pessoas.

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