A cerveja, o biberão da Civilização.

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A Humanidade e a Cerveja

Quando pensamos no início da Humanidade, pensamos nos momentos que levaram à sedentarização das pessoas. Foi graças a ficarem quietinhos sempre no mesmo sítio que as pessoas puderam começar a fazer casas maiores até algumas serem palácios, começaram a ter tempo para fazer mais utensílios com os quais puderam melhorar as suas vidas familiares e sociais.

Existem momentos que definiram a Humanidade, tal como é hoje. Falamos sempre na descoberta (do controlo) do fogo e na invenção da roda, e já por aqui escrevi do rapaz (ou rapariga) que terá inventado a agulha de coser – este com a importância de nos ter permitido sair dos climas quentes. Mais até do que a roda, a agulha é basilar para a humanidade, lembremos de civilizações como as ameríndias que evoluíram sem roda – não o teriam feito sem agulhas de coser.

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A sexta feira 13, os prédios sem 13º andar, a última ceia, os Vikings e os Templários.

foto: a “Preta”.
Gatos pretos, símbolo de boa fortuna em muitas culturas, são também e em sentido exatamente oposto, na cultura ocidental, símbolo de azar. São mesmo o principal símbolo das “sextas feiras 13”. Um gato preto atravessar na frente dará azar. E se for numa sexta feira 13, dará azar, atrairá mau olhado, chamará as bruxas, dará coceira no pé e fará nascerem pêlos na língua.

A Sexta Feira 13 é temida por muitas pessoas, esta fobia até tem nome técnico, daqueles que quase não se conseguem dizer. Quem tem medo da sexta feira treze sofre de parascavedecatriafobia ou frigatriscaidecafobia. Sério? Tive de confirmar várias vezes que escrevia isto bem! E não tenho a certeza que alguém consiga dizer isto uma semana depois de ter lido. Mesmo que leia muitas vezes.

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Quando a Torre Eiffel foi vendida como sucata

Existem pessoas dadas às falcatruas desde sempre. E, na maior parte dos casos, são burlões que não deixam nenhum tipo de sentimento positivo. Mas, de vez em quando, existe alguém que consegue ter uma imaginação tal, e mais, uma cara de lata tamanha que, pelo menos, não conseguem deixar de despertar alguma curiosidade.

Foi o caso de Victor Lusting. Nascido em 1890, no então Império Austro-Húngaro, numa família abastada e respeitada. Falava fluentemente diversas línguas e tinha um intelecto que fazia com que esperassem que viesse a ser um advogado prestigiado. Realmente ele passou a vida a ter relações com a Lei. Não foi como advogado, de facto, mas sabia dar bem a volta ao texto e andou sempre com a Lei às costas.

Optou desde cedo por se dedicar aos logros, primeiro em Paris, mas a coisa era de pequena monta, com artimanhas do submundo parisiense. Foi então para os Estados Unidos e aí conseguiu dar cor ao seu talento, e conseguiu ganhar algum dinheiro. Armou, entre outras coisas, um esquema onde dizia a algumas pessoas que conseguia saber os resultados das corridas de cavalos antes dos locais de apostas porque tinha posto uma “escuta” na ligação entre os hipódromos e as casas de apostas. Conseguiu assim enganar o suficiente para ganhar umas boas dezenas de milhares de dólares, o que hoje seria bem mais, claro, e com isso voltar à Europa. A Paris, mais precisamente. Ambicioso, procurava um esquema onde pudesse ganhar dinheiro a sério.

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E como entra a Torre Eiffel nisto tudo? Desde a sua construção, na Exposição Mundial de Paris, em 1889. Passava a ser a construção mais alta do mundo, após milhares de anos de reinado da Pirâmide de Queops, em Gizé, como a mais alta construção do Mundo. Mas mesmo assim, o objetivo inicial era aquilo ser uma construção provisória, apenas para a Exposição Mundial. Impensável, hoje em dia, já que quando pensamos em Paris, é impossível não nos vir à imagem aquela torre de ferro. Na verdade quando foi construída uma grande parte dos parisienses abominada a construção. Achavam aquilo feio, que destruía a paisagem parisiense. Mudanças dos tempos. O seu construtor, o engenheiro Gustave Eiffel, por cá também conhecido por deixar obra, no seu estilo de construções de ferro, apelou a que passasse a definitiva. Promoveu experiências de meteorologia, de aerodinâmica, visitas turísticas após a exposição, e aplicação de antenas de rádio, que acabaram por ser uteis durante a Primeira Guerra Mundial. Ficou assim por lá a torre que hoje é para todos indissociável da “cidade luz”.

Terminada a Guerra, a Torre Eiffel já apresentava alguns problemas de manutenção e o dinheiro para a sua recuperação era escasso. Um jornalista, em meados dos anos 20, um jornalista escreveu acerca disso e acabou com a pergunta, “será que era melhor vender a Torre?”

Foi a ler essa reportagem que a mente de Victor Lusting teve um daqueles momentos em que aparece uma lâmpada a acender. E começou o filme.

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As origens da hospitalidade mediterrânica – o mito de Baucis e Filémon e os seus efeitos.

Os mitos não são História, é um facto. Mas os efeitos que determinados mitos tiveram e têm nas vidas das pessoas já o podem ser, se determinarem mudanças de modos de vida caracterizando determinado povo ou cultura.

E é conhecida a hospitalidade dos povos do sul da Europa. Como se os “povos mediterrânicos” tivessem uma ligação qualquer com esse “dever”. E na verdade têm.

Podemos exemplificar esta hospitalidade dos povos do sul com dois episódios semelhantes, com efeitos distintos. Um deles, o regresso das tropas Napoleónicas da Rússia, durante o Inverno. Se Napoleão invadiu a Rússia com mais de meio Milhão de soldados, ao ver Moscovo a arder e ao ver-se forçado a retornar a França, durante o Inverno, entre batalhas e frio esfomeado, viu os seus soldados caírem quase até ao último, ao longo das estradas e campos da Europa central. Muitos desses soldados morreram literalmente à porta das pessoas que, vendo serem franceses, simplesmente fechavam as portas aos que ajuda pediam.

Um outro exemplo diferente, como a Cruz Vermelha teve origem. Um senhor suíço, de nome Henry Dunant, em viagem passou de negócios calhou desembarcar em Solferino, onde havia tido lugar uma batalha entre Franceses e Italianos contra Austríacos, a Batalha de Solferino, da Segunda Guerra da Independência Italiana. Foi uma batalha horrível, com milhares de mortos e feridos de ambos os lados. Henry Dunant ficou impressionado com o horror da batalha, mas mais impressionado ficou ao ver as mulheres daquela terra italiana a recolherem os feridos para dentro de suas casas, e os tratarem como irmãos, ou como filhos. Não faziam distinção entre soldados, fossem italianos, franceses ou austríacos, eram recolhidos e tratados de igual forma. Do horror da batalha, por um lado, e do amor da hospitalidade daquelas gentes, nasceu a ideia de um corpo que tratasse vítimas de guerra, todas de igual forma, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (ou Crescente Vermelho, dependendo do local).

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Audrey Hepburn, de resistente aos nazis a uma das grandes musas do cinema do século XX.

fonte: https://www.britannica.com/biography/Audrey-Hepburn

Existem sorrisos intemporais. Existem caras que ficam na memória, mesmo que tenham sido vistos após décadas de terem existido, como se fossem retratos de pessoas que sabem o calor de um sorriso verdadeiro.

Audrey Hepburn foi uma pessoa assim. Aquele sorriso que iluminava uma sala, mesmo que aparecesse apenas num ecrã, não existia de forma fácil, vazio. Era um sorriso que mostrava gratidão por ter sobrevivido a coisas terríveis. Mostrava o reconhecimento de que cada momento bom deve ser apreciado em pleno, porque sabia, porque tinha visto, como de um momento para o outro, podem acontecer coisas tão terríveis a nós e a quem nos rodeia, que tiram qualquer sorriso a qualquer pessoa.

Uma das grandes musas do cinema do século vinte, ou até mesmo de sempre, um dos sorrisos mais bonitos jamais vistos, uma das caras mais graciosas, teve um crescimento rodeado de acontecimentos trágicos, de dias em que só se pensava, “pode ser que para o próximo ano isto termine”.

Apesar disso, mostrou desde cedo uma coragem que, mesmo indo contra os ideias dos pais, valorizou ainda mais a carreira e a vida que conseguiu levar nas décadas seguintes, na maior parte da sua vida. Audrey Hepburn não foi uma mulher fugaz, de sorriso aberto mas plastificado. Não. Foi alguém que viu o mau e o mal, o terrível, não se conformou, arriscou a própria vida em prol do que achava ser justo.

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Ketchup – acompanhamento, da carne podre à fast-food. Das vísceras de peixe ao famoso molho de tomate.

Nem sempre foi assim…
Photo by Miguel Andrade on Unsplash

Hoje em dia todos conhecemos este molho, pelo menos para acompanhar hamburgueres e batatas fritas. Sabor de tomate com doce e picante, é reconhecido ao longe pela sua cor vermelho vivo. Relacionamos com as “Fast-food”, e com os Estados Unidos. De facto, nos dias de hoje estão relacionados, mas a sua origem não está ligada aquele país e a sua composição original não continha tomate, sequer.

De facto, foi nos Estados Unidos que este molho ganhou a fama e os ingredientes que se usam hoje em dia, mas a sua origem está longe, no tempo e no espaço, e também nos seus ingredientes.

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Os Judeus, a Inquisição, as bolas de Berlim e as alheiras de Mirandela.

Imagem de Antonio Cavalcanti por Pixabay
Alheira frita.

Os Judeus sempre tiveram um papel importante nos diferentes aspetos do desenvolvimento da nossa História, nos aspetos mais diversos do nosso quotidiano.

Habitantes por cá desde sempre, refugiados em algumas alturas, e perseguidos em outras alturas. Uns estavam, outros vinham, outros fugiam, foi assim aqui e em muitos locais do Mundo, faz parte de “ser Judeu”.

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Os Magriços, heróis do futebol em 66 e o Cavaleiro Medieval português que lhes “deu” o nome, um dos “Doze de Inglaterra”. O Magriço!

Fonte: https://largodoscorreios.wordpress.com/
Como um Cavaleiro Medieval, “o Magriço” inspirou os ingleses a dar a alcunha de “Magriços” aos jogadores da seleção de futebol do Mundial de 1966.

Algumas pessoas viram, ou ouviram ao vivo, no ano de 1966, um dos campeonatos Mundiais de futebol mais emotivos para os portugueses. Outros não viram, mas cresceram a ver imagens e a ouvir as histórias dos “Magriços”, aquela seleção onde Eusébio era a figura maior numa equipa de estrelas. Eusébio foi mesmo considerado o melhor jogador do Mundial, deixando jogadores como Pelé para trás.

Os ingleses viram tamanha “valentia” naqueles jogadores que logo lhes atribuíram a alcunha de “Magriços”. À primeira vista parece que os achavam muito magrinhos. Não, não achavam nada disso, até porque por cá sempre se comeu muito bem.

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A areia para gatos – uma história de resiliência, sorte e oportunidade.

Fonte: https://www.pet-happy.com/
O primeiro anúncio comercial de areia para gatos

Existem pessoas que, ao longo do tempo, vão deixando as suas marcas em pequenos pormenores, com efeitos bem grandes, quer ao longo do tempo, quer no quanto se espalham pelo mundo.

Normalmente terão sido pessoas que tiveram um momento “Eureka”, e que nem devem ter tido noção do efeito que provocariam nos hábitos futuros.

Exemplos disso e que já referi em textos anteriores, o homem que inventou a agulha de coser, e o homem que criou a plasticina. Sempre com sentido de oportunidade, o primeiro terá dado a possibilidade de existir civilização,independentemente do clima,ou seja, do local – os Índios Americanos desenvolveram várias culturas evoluídas sem roda, mas não o fariam sem agulhas de coser. O segundo, deu às crianças de todo o Mundo uma brincadeira tão simples e tão imaginativa, tão procurada pelos mais pequenos. E tudo começou com uma pasta para limpar paredes do fumo das lareiras, que entretanto teriam começado a ser substituídas por aquecedores elétricos.

A necessidade aguçou, e aguça o engenho!

Neste caso, a areia para gatos, também tem uma história relacionada com o sentido de oportunidade, mais do que uma procura para uma necessidade. Não foram criados gabinetes de estudo para saber o que se devia usar para criar um absorvente para gatos. Aconteceu por acaso, sendo que a necessidade existia, mas não havia sequer noção disso.

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Garbo, o espião-duplo que recebeu uma medalha do Hitler e outra do Churchill, sem nunca sair do Estoril!

Fonte: https://zheit.com.br/
Juan Pujol Garcia ou “Garbo”.
Medalhas de mérito, alemã e inglesa. Recebeu ambas.

A Segunda Guerra Mundial está cheia de peripécias relacionadas com espionagem, grande parte tendo vivido o seu grande, ou mesmo principal epicentro, Lisboa, ou mais concretamente a linha entre a capital e as esplanadas do Estoril.

Nestas esplanadas e hotéis do Estoril viveu-se, durante a maior parte do tempo da Segunda Guerra, um rebuliço de conversas entre britânicos e alemães, principalmente, mas também com franceses, russos, sérvios, americanos, húngaros, e mais ainda.

Há uns quantos anos, um senhor, numa dessas esplanadas do Estoril, contou-me que naquele tempo era uma criança pequena, e, frequentando aquela mesma esplanada, achava estranho ver alemães e ingleses sentados nas mesmas mesas, conversando entre eles, como se amigos fossem. Ciente, apesar da tenra idade, da Guerra que fazia daquelas pessoas inimigos, perguntava ao pai: “Oh pai, então estão ali ingleses a conversar na mesma mesa com alemães?” Ao que prontamente e de boca semicerrada respondia o pai: “Cala-te e não fales nisso! Deixa estar, é mesmo assim.” Contava-me esse senhor que apenas depois do fim da guerra o pai lhe começou a explicar: “Eram espiões meu filho”.

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