Temos de ter vergonha de falar em valores?

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Agora discute-se (para ser brando no verbo) se a Direita é melhor do que a Esquerda e vice-versa, e acho que a maior parte das pessoas nem sabe bem o que significa uma coisa e a outra.

Nem vou falar do tom em que as conversas agora são mantidas, já escrevi lá atrás alguma coisa acerca disso – “a cultura do insulto”.

Nem vale a pena bater mais nesse ceguinho desta nova”cultura do insulto”, não porque já se tenha resolvido a questão, mais longe disso é quase impossível, mas porque aqui já foi abordado o assunto, por um lado, e, por outro, é tempo desperdiçado – a rapaziada anda mesmo ao rubro, quanto mais alto se berra e mais forte se insulta, melhor o efeito alcançado.

Mas vale a pena falar então, não do tom das conversas desse tipo, mas do conteúdo.

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Um ano de pandemia: mais mortos que as guerras e os planos que não podemos deixar de fazer. A vida tem de continuar! E bem de preferência!

Estamos em estado de pandemia, grosso modo, há um ano. Uns com mais receio, outros com menos receio, uns com mais crença na medicina, outros com descrença em tudo e em todos. Normal em todos os tipos de crises, há opiniões e posições para todos os “gostos” – sim, aqui a palavra “gosto” tem mesmo de estar entre aspas.

Pois, seja por causa da pandemia, seja por causa dos efeitos na economia que as medidas impostas nos trazem, da crise já ninguém livra o Mundo. Ou grande parte dele, já que “quando alguém chora, aparece logo quem venda lenços”. E como as pessoas têm “chorado”. Assim como há “muita gente a vender lenços”.

Podem existir muitas opiniões, com argumentos válidos, em quase todas, se calhar. Mas há realidades que não podemos deixar de observar. Quem esperava que pelos anos 20 deste século XXI fosse haver uma guerra de escala global, pode-se dizer que aí está ela. Estados de Emergência, economias em crise, pessoas fechadas em casa. Seja com razão ou sem razão que se fecham as pessoas em casa, o que é certo é que estão.

E, tal como nas guerras, os números de mortos são sempre o pior de tudo. O sofrimento físico será sempre o pior de tudo.

Mesmo quando dizem que andam a atribuir a causa de morte à doença a pessoas que já tinham doenças oncológicas por exemplo. Vejamos, uma pessoa tem uma doença oncológica, e tem um acidente de carro. Morre nesse acidente. A causa da morte é a doença ou foi o acidente? As coisas são o que são.

E há pessoas que não são tratadas por causa disto? Pois há, claro, e muitas já faleceram porque não tiveram os cuidados que teriam se não existisse esta porcaria. Lógico! Tal como numa guerra ou numa crise económica, os equipamentos de saúde também são afetados.

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Não precisamos de saber os porquês de tudo.

Precisamos de saber os porquês de muita coisa, mas definitivamente, não de tudo.

A expressão “porquê” é das coisas que mais vezes perguntamos ao longo da vida.  A nós próprios, às outras pessoas. Mas será que todas essas vezes que fazemos essa pergunta, adianta de alguma coisa?

A curiosidade pode ser boa, mas como em tudo, em demasia só estraga. Ou pelo menos não acrescenta assim tanto. Se algo for mau, deixar estar e afastar-se, se algo for bom, aprecie-se. Sem muito mais. Sem “porquês” desnecessários e frustrantes.

Para isso existe a “idade dos porquês”, quando somos pequeninos e ainda precisamos de saber muita coisa, porque não sabemos quase nada. Aí a curiosidade faz parte, é importante e salutar, querer saber o porquê de tudo e mais alguma coisa. As crianças têm aquela curiosidade que deve até ser alimentada, satisfeita. É bonita, e representa uma parte tão importante nas suas vidas.

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Comprar local, produzir local. Valorizar a nossa produção, sempre que possível.

Photo by Reiseuhu on Unsplash
Mercado dos lavradores, Funchal.

Falamos e ouvimos falar muito em começar a comprar mais coisas nossas, produzidas cá dentro. Perto de nós. Falamos em incentivar a compra e a produção de coisas que sejam produzidas perto de nós. Mas, “sempre que for possível”!

E podemos começar pelo “sempre que possível”, precisamente.

Quando existe uma família de parcos recursos, e mesmo para uma grande maioria das pessoas, que tem de gerir bem e com rigor um orçamento familiar, a prioridade será sempre adquirir o máximo de produtos para a família, dentro do dinheiro disponível. Assim, é difícil que se escolha o que é nosso, o que é produzido perto da nossa porta, se isso for mais caro do que o que é produzido do outro lado do globo, muitas vezes.

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Os sorrisos e os abraços que já não se dão. Será para sempre assim?

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Uns povos são mais beijoqueiros que outros, uns dão mais abraços que outros. Por cá pelo nosso belo retângulo gostamos, ou gostávamos muito de umas beijocas, de uns abraços. Há quem seja mais beijoqueiro que nós, ou melhor, havia. Mas mesmo assim, somos uns valentes beijoqueiros e “abraceiros”, na maior parte dos casos.

Pois, agora, beijocas repenicadas distribuídas com fartura e aqueles abraços que os amigos dão (ou davam) quando se encontram, só mesmo às pessoas da mesma casa. De resto, ficam uns beijos e abraços, “ditos” ou “escritos”, apenas “feitos” por palavras. Além de uns toques nos cotovelos.

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Devagar e sempre a andar, p’ra depressa lá chegar

Photo by Michel Stockman on Unsplash

Quando era miúdo ouvia uma peripécia acerca de um senhor que, durante o tempo útil de trabalho, de cada vez que parava para falar com alguém, dava aos pés como se estivesse a andar, mas sem sair do mesmo sítio. E quando se lhe era perguntado o porquê, a resposta era, “assim se os patrões me virem ao longe, não reparam que estou a conversar, só reparam que estou atarefado e ocupado”. Era engraçado perceber como as pessoas conseguem usar o poder da sugestão em coisas destas. E se calhar funcionava. Mas na verdade aquele senhor não saía do mesmo sítio, como é fácil perceber. Apesar de real, é apenas uma caricatura do que vemos tantas vezes.

Chegamos mais longe e mais rápido com muitos passos à toa ou com poucos passos mas seguros?

Para percorrer uma qualquer distância, andamos sempre a ver se damos o máximo número de passos. É um tal dar às pernas, mas às vezes nem saímos do mesmo sítio.

De que vale dar muitos passos se são pequenos? Ou se são para os lados?

Não seria melhor dar um passo de cada vez, com calma, seguro, e ter a certeza de que no fim de dar esse passo, percorremos alguma distância? Pode ter sido pouca distância, mas se for segura, é na melhor direção. Se dermos um passo seguro e firme de cada vez, esse passo é em frente, e não tem receio de um tropeção.

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Moralistas somos todos às vezes, razão, dificilmente teremos!

Photo by Casey Olsen on Unsplash

Numa altura em que estamos rodeados de moralismos, de discursos cheios de valores, começamos a perceber que se calhar moralistas não são apenas aquelas pessoas que vemos dizerem barbaridades em público, como se perfeitas pessoas fossem.

Moralistas somos todos. Uns mais que outros, umas vezes mais do que outras, mas acabamos todos, de vez em quando, a cair na tentação de dizer “se fosse eu…” ou “se fosse comigo…”

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Modéstia e Humildade XXI

Photo by Capturing the human heart. on Unsplash

Numa altura em que vemos nas notícias líderes e supostos aprendizes de líderes mostrarem ser mais do que são, gabarem-se a si próprios como se não houvesse amanhã, em que sentimos a sociedade a valorizar intenções em vez de realidades concretizadas, soube bem encontrar este simples poema que de seguida transcrevo.

Há uns tempos, lá para trás, escrevi que a humildade não é inferioridade, que é e deve ser segurança.

Acrescento que as pessoas que mais admirei tiveram muita coragem ao longo da vida, para se deixarem ser e manterem humildes. Algumas dessas pessoas conheci pessoalmente, outras conheci apenas por serem pessoas conhecidas, famosas, com vidas e obras “públicas”.

Viver é crescer e aprender, reconhecer erros e querer corrigi-los. Não devíamos ser liderados por pessoas que acham que não cometem erros.

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A importância do nada.

Thanks to Ante Hamersmit for sharing their work on Unsplash.

A importância do nada.

A propósito de paragens, de (parecer) não acontecer nada. Todos paramos de algum modo de vez em quando, umas vezes porque queremos, outras vezes porque precisamos. Umas vezes paramos com vontade de parar, outras vezes paramos sem vontade, apenas com necessidade. Todas são legítimas, já que parar deve ser tão importante como fazer. Desde que se faça, claro. Durante ou de seguida. Parar de umas coisas para fazer outras, parar de fazer todas as coisas para apenas carregar baterias, seja a descansar, ou a descontrair, uma outra forma de descanso. Ou apenas parar de fazer quase tudo para que a energia possa ser dedicada a um bem maior, daqueles que conseguem superar todas as prioridades.

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É por tua causa, mas não tens culpa nenhuma.

Photo by Liane Metzler on Unsplash
A maior das causas, sem a menor das culpas, com o melhor dos méritos.

Andamos sempre a dizer, “foi por causa dele, ou daquilo”, da mesma forma que dizemos, do mesmo assunto, com os mesmo destinatários, “foi por culpa dele.”

Parece ser a mesma coisa, mas se virmos alguns exemplos, podemos perceber que, “alguém ter a culpa de algo”, é bem diferente de “algo ser por causa de alguém”.

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